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Educação | Terça-feira

Redação do ENEM e a importância da linguagem na adolescência uma crítica ao sistema

Por Maria Angela Gomes, Agenda News

Publicado em 21/09/2021 08h44

Redação do ENEM e a importância da linguagem na adolescência uma crítica ao sistema Divulgação/Governo do Brasil
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A importância do vocabulário e da linguagem ao longo do desenvolvimento de crianças e adolescentes é tema indiscutível. Comunicar-se de maneira completa, ou seja, ter a capacidade de compreender e ser compreendido é desafiador para todos nós, mas principalmente para aqueles que estão aprendendo seu lugar no mundo; descobrindo a maneira como a sociedade se coloca e como desejam se colocar na sociedade. Muito se fala atualmente sobre a capacidade que muitos tem em ler, mas não possuem a mesma desenvoltura quando o assunto é a compreensão, o debate, a leitura crítica. O que se perde nos aspectos relacionados a leitura reflete diretamente na capacidade em expressar ideias e compreender as ideias do outro. O caos linguístico, como chamo atrevidamente a incapacidade de comunicar o que pensa e perceber o que o outro tem a comunicar interfere direta ou indiretamente em inúmeros setores da sociedade: política, educação, nas relações pessoais, e muitos outros. 

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Expandir o conhecimento de palavras de uma criança, sem dúvidas, fornece acesso ilimitado a novas informações, e podemos afirmar que essa expansão é necessária, contudo, ela é suficiente? Direcionando esse debate para os adolescentes podemos perceber que no Brasil, em detrimento do formato dos vestibulares e do próprio ENEM, trabalha-se muito a redação em um formato único. Caso você tenha passado pelo processo de preparo para escrita de redações avaliativas, certamente se deparou com algumas regras engessadas e com palavras que muitas vezes não fazem parte do cotidiano, mas que são utilizadas, afim de refletir um conhecimento sobre o vocabulário que não condiz com a realidade e sequer é necessário nesta faixa etária. Podemos observar, com isto, uma forte influência do vestibular na maneira como adolescentes absorvem a linguagem e a forma de se expressar, o que de maneira negativa tende a restringir os inúmeros formatos que temos em nos comunicar. Ao longo da vida escolar corremos o risco de nos tornarmos reféns de avaliações e neste caso de uma avaliação em específica. Será que o aluno que escreve uma redação nota mil sabe do que se trata um artigo científico ou é capaz de compreender um poema de Drumond? São essas questões que me fazem pensar que o sistema de avaliações precisa urgentemente de mudanças. 

Obviamente, no cenário ideal de uma educadora, as inúmeras formas de conhecimento deveriam ser valorizadas. Utilizar termos rebuscados seria importante, mas levar um texto para um posicionamento crítico também. Expressar conhecimento seria tão valioso quanto expressar sentimentos. Compreender o tema solicitado seria tão considerável quanto compreender o mundo e a sociedade. Enquanto não se perceber o quanto perdemos ao tentar encaixar todos em um molde único, não alcançaremos o nosso melhor.



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Maria Angela Gomes

Petropolitana, professora de História, mestranda em História Social e atua na área de educação há 04 anos com reforço escolar e educação multidisciplinar. Redes Sociais: Facebook Instagram