20 anos da Unidade Básica de Saúde da Família na Estrada da Saudade

Por Paulo K. de Sá Coord. das Unidades de Saúde da Família da UNIFASE/FMP, para o, Agenda News - Petrópolis

Publicado em 02/05/2023 09h25

20 anos da Unidade Básica de Saúde da Família na Estrada da Saudade Unidade Básica de Saúde da Família na Estrada da Saudade - Divulgação
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Em 2003 o sol nasceu diferente, pois naquele ano nasceria uma Unidade Básica de Saúde da Família que abrigou duas equipes de Estratégia de Saúde da Família. A ESF-Estrada da Saudade I e a ESF- Estrada da Saudade II. O que essas siglas significavam na verdade era a responsabilidade de cada equipe de ESF para cuidar de grande parte do território que engloba a Estrada da Saudade, no bairro de Cascatinha, em Petrópolis. 

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A escolha nasceu de uma reunião entre lideranças comunitárias de várias comunidades de Cascatinha e a direção da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), hoje pertence ao complexo da UNIFASE, e que estabeleceram como prioridade garantir uma atenção à saúde de qualidade para as famílias residentes no bairro. A FMP entendeu que o ensino na atenção primária era essencial para que os estudantes compreendessem o sofrimento das pessoas a partir das suas condições de vida, construindo a sua visão integral da saúde, e por isso apostou na Estratégia de Saúde da Família. 

Naquele ano, a equipe que já coordenava as equipes de ESF que haviam sido instaladas pela FMP em outros bairros, Nova Cascatinha e Machado Fagundes, entrou em ação e levantou junto com as lideranças comunitárias do local, quais pessoas poderiam assumir a função de agentes comunitários de saúde, que compõem as equipes de ESF e são imprescindíveis para a interlocução entre as equipes técnicas de atenção médica e enfermagem, com a população do território.  

Uma vez estabelecidas as equipes, iniciou-se o cadastramento das famílias residentes no local com os agentes comunitários. A partir desse cadastramento se construiu um diagnóstico situacional, considerando inúmeros aspectos que iam desde a identificação de pessoas doentes em diversos níveis, até as condições de vida, como acesso à água potável, saneamento básico, urbanização, relação com o ambiente, transporte e iluminação pública, áreas de risco e vulnerabilidade ambiental, na educação, na nutrição, religiosidade, hábitos e traços culturais, enfim, a dinâmica da vida naquele território.  A primeira lição foi entender que a Estrada da Saudade não é constituída de uma comunidade, mas de várias e com características muito diferentes. A divisão do território em microáreas, a qual pertencia um agente comunitário, permitiu perceber melhor essas diferenças, pois o agente era morador da área que cuidava. 

Nessa percepção, vimos que tínhamos que alinhar as percepções e demandas identificadas, com as necessidades não percebidas pela população e, além disso, intermediar as propostas de projetos que ajudassem às comunidades na superação de suas condições de vida e os devidos encaminhamentos para uma solução dentro das políticas públicas. Mas como mobilizar a política pública e a própria população para essas necessidades? 

Diante dessa pergunta, as duas equipes, com a participação crucial dos estudantes de medicina, depois com os de enfermagem e nutrição, entenderam que era nossa responsabilidade ajudar no desenvolvimento de projetos que mobilizassem a população e o poder público, e assim foi feito. Foram inúmeros projetos de lá até aqui. Iniciamos com o "Era Lixo virou Luxo", que existe até hoje e trabalha com a questão do destino dos resíduos sólidos (lixo). Esse projeto ganhou projeção nacional, recebendo prêmio pelo Ministério da Saúde. Outros projetos de educação em saúde foram desenvolvidos, como de debate sobre as questões ambientais e as relações sociais na comunidade, de onde nasceu o projeto "Mudas de Amor", que consiste na doação de mudas de plantas para os pacientes, como um ato de carinho e cuidado.

O projeto dos idosos, "Florescer", possibilitou a geração de renda para aposentados, além de pessoas que se conheceram e se casaram durante a participação nos encontros, regados com arte, muito carinho e atenção entre as pessoas. 

Em 20 anos de existência muitos projetos aconteceram, muitos alunos se formaram e foram transformados por essa experiência maravilhosa, muitos se tornaram médicos, médicas, enfermeiros e enfermeiras de família. Gerações de novos profissionais receberam esse grande presente e, por isso, nesse ano comemoramos 20 anos de trabalho de qualidade permanente, persistente e diferenciado na vida da população da Estrada da Saudade. Ainda que seja o setor saúde, esse trabalho possui capilaridade em outras áreas, como educação, serviço social, ambiente, etc.



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