Em relação ao valor nutricional, o leite materno possui todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento do recém-nascido e, além disso, sua composição consegue se adaptar aos bebês que nascem prematuros, oferecendo conteúdo nutricional adequado independente da idade gestacional da criança ao nascer. Ou seja, os bebês que nascem prematuramente recebem deste recurso os nutrientes fundamentais para compensar o déficit de desenvolvimento imposto pelo tempo reduzido de gestação. Além da relevância alimentar, nesses primeiros dias, o leite chamado de "colostro" é considerado como a primeira vacina do bebê, sendo por ele transmitido os anticorpos maternos”, complementa a médica.
Para a enfermeira Marcelle Arruda de Oliveira Barreto, que atua como supervisora da maternidade do Hospital Santa Teresa, a fórmula quando é indicada pelo pediatra, em algumas situações, realiza a complementação à amamentação, porém os valores nutricionais do leite materno são insubstituíveis. “Fazemos um comparativo em relação à fórmula sendo similar a um hambúrguer, enquanto o leite materno é um suco natural de laranja. Embora o hambúrguer provoque uma sensação de saciedade maior, o suco de laranja é mais leve e mais completo nutricionalmente, contribuindo para o desenvolvimento da criança. Por isso, muitas mães acabam percebendo que o recém-nascido fica mais saciado com a fórmula do que com o leite materno e acabam achando que tem o "leite fraco". Mas, na verdade, não existe ‘leite fraco, pior ou melhor’, existe o leite materno proporcional às necessidades de cada recém-nascido. O leite materno possui uma digestão mais rápida sendo necessário o recém-nascido mamar mais frequentemente em livre demanda. Sendo assim, é preciso informar e educar sobre os benefícios do leite materno e priorizar o seu consumo”, adiciona.
Os benefícios decorrentes do aleitamento não se limitam aos recém-nascidos, uma vez que este ato oferece também diversas vantagens para as mães. Além de contribuir para facilitar o retorno das mulheres a uma estrutura corporal não-gravídica, a amamentação ajuda a diminuir os riscos da hemorragia pós-parto e a aumentar a produção de hormônios que estimulam a saída do leite da mama. É neste contexto que iniciativas como o Projeto Maternidade Segura, adotado pelo Hospital Santa Teresa, ganha relevância ao aumentar o tempo dedicado à amamentação no momento pós-parto, potencializando seus benefícios.
Para as gestantes que tiveram diagnóstico positivo para a COVID-19, o protocolo de amamentação é o mesmo, com a exceção de algumas adaptações sanitárias para garantir maior segurança ao recém-nascido. “A amamentação deve ser sempre acompanhada pela utilização da máscara e a higienização das mãos deve ser feita com álcool em gel antes de qualquer contato com o bebê. Vale reforçar que, até o momento, não existem evidências de que o leite é um método transmissor da COVID-19”, ressalta a enfermeira.
Para as mulheres que já foram vacinadas contra a COVID-19, estudos apontam a presença de anticorpos no leite materno, porém ainda estão em andamento estudos complementares para confirmar o grau de proteção dado aos bebês. “Mesmo para aquelas que não tomaram a vacina, mas que foram diagnosticadas com a infecção causada pelo coronavírus durante a gestação, ou antes, os anticorpos produzidos no período de acometimento também são transferidos para o bebê”, conclui a Dra. Adliz.
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