O trabalho foi organizado pelo Laboratório de Bioinformática (Labinfo) do LNCC, e também participaram quatro universidade públicas: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ao todo, 22 pesquisadores assinam a publicação, que foi submetida a um periódico científico ao mesmo tempo em que os sequenciamentos foram depositados em uma base de dados públicos internacionais (Gisaid).
A coordenadora do Labinfo, Ana Tereza Vasconcelos, explica que os dados compartilhados serão analisados por outros pesquisadores ao redor do mundo para que a identificação da nova linhagem seja confirmada pela comunidade científica. Segundo a cientista, as amostras em que a mutação foi encontrada são de Natal, no Rio Grande do Norte, e do interior da Bahia.
Essas mutações não interferem na vacina, mas demonstram que o vírus está mudando o tempo inteiro, e quanto mais as pessoas estiverem na rua sem máscara e sem medidas de proteção individual, mais o vírus vai mudar e mais variantes vão surgir. É mais uma demonstração de que o vírus está circulando livremente", diz Ana Tereza Vasconcelos, que reforça o pedido pelo respeito às medidas de prevenção, como evitar aglomerações, usar máscaras e higienizar as mãos.
A possível nova linhagem teria se originado da linhagem B.1.1.33, já presente no Brasil desde o início de 2020. A mutação apresentada é a E484K, na proteína S, estrutura que forma a coroa de espinhos que dá nome ao novo coronavírus. Essa mutação é associada ao escape do sistema imunológico, o que, segundo a coordenadora do Labinfo, ainda precisa ser confirmado por mais estudos.
Essa mutação já foi relacionada a vírus que conseguem escapar do sistema imunológico do hospedeiro. Os vírus estão tentando sobreviver, e eles têm mecanismos de escape. A gente acredita que essa nova linhagem pode ter esse mesmo mecanismo", afirma a pesquisadora.
Essa mesma mutação já foi identificada nas variantes P.1 e P.2, originadas no Brasil a partir da linhagem B.1.1.28, e também também está entre as modificações genéticas encontradas nas variantes descobertas no Reino Unido e na África do Sul.
A mutação é um processo comum na reprodução dos vírus, que se multiplicam rapidamente e podem produzir versões geneticamente diferentes nesse processo. A maior circulação do vírus faz com que mais organismos se multipliquem, o que aumenta as chances de uma mutação ocorrer. Para que uma nova linhagem surja, no entanto, é necessário que essa mutação seja identificada em diversos indivíduos de uma determinada linhagem.
Fonte: Agência Brasil
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