Dia Nacional de Combate à Cefaleia: a dor invisível que paralisa vidas e encontra nova esperança na cannabis medicinal
Por Redação, Agenda News
Publicado em 19/05/2025 19h43

Por Redação, Agenda News
Publicado em 19/05/2025 19h43
No Brasil, o dia 19 de maio marca o Dia Nacional de Combate à Cefaleia — uma data oficial que busca dar visibilidade a uma condição que atinge cerca de 30 milhões de brasileiros e que, muitas vezes, permanece subestimada. Criada no início dos anos 2000 por entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a iniciativa tem como objetivo conscientizar a população e os profissionais de saúde sobre os impactos clínicos, emocionais e sociais das dores de cabeça recorrentes, especialmente da enxaqueca, uma das formas mais incapacitantes da condição.
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica marcada por cefaleias recorrentes de intensidade moderada a severa, geralmente acompanhadas de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, ela está entre as dez doenças mais incapacitantes do mundo — e, especificamente, em sexto lugar quando se trata de impacto na qualidade de vida durante os anos economicamente ativos do paciente. Diferente de uma dor de cabeça comum, a enxaqueca envolve mecanismos fisiopatológicos complexos que se manifestam em diferentes estágios e exigem um olhar atento do ponto de vista diagnóstico e terapêutico.
Os episódios migranosos podem ser precedidos por uma fase prodrômica, que ocorre horas ou até dias antes da dor se instalar, e que inclui sintomas como fadiga, alterações de humor, rigidez muscular, sede excessiva e desejos alimentares específicos. Cerca de um quarto dos pacientes experienciam ainda uma fase de aura, caracterizada por alterações visuais (como flashes, manchas ou linhas em ziguezague), sensações de formigamento que se espalham pelo corpo, alterações no paladar ou olfato, e dificuldade na fala. A seguir, instala-se a crise de dor propriamente dita, que é frequentemente unilateral e pulsátil, agravada por atividade física e associada a náuseas, vômitos e hipersensibilidades sensoriais. Essa fase pode durar de quatro a 72 horas. Por fim, há um período chamado pós-drômico, em que o paciente sente exaustão, confusão mental e dores musculares — uma espécie de ressaca neurológica que pode se estender por dias.
Acredita-se que a origem da enxaqueca esteja relacionada à ativação anormal do sistema trigeminovascular, que envolve os nervos trigêmeos e os vasos sanguíneos das meninges, provocando uma cascata de vasodilatação e neuroinflamação. Substâncias como a serotonina e o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) desempenham papel fundamental na mediação da dor e na amplificação dos sintomas.
O diagnóstico da cefaleia, especialmente da enxaqueca, é predominantemente clínico e exige que o médico conheça detalhadamente o histórico do paciente, os padrões da dor, a frequência das crises e os fatores desencadeantes. Em alguns casos, exames de imagem são solicitados para excluir causas secundárias, como tumores ou aneurismas, mas na maioria das vezes a confirmação vem da escuta atenta e da correlação entre sintomas e critérios clínicos.
No que diz respeito ao tratamento, não há cura definitiva para a enxaqueca, mas existem diversos medicamentos que visam controlar as crises e prevenir seu aparecimento. No alívio agudo, utilizam-se analgésicos comuns, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), antieméticos e os triptanos, que são fármacos específicos para a enxaqueca e atuam nos receptores de serotonina. Já na prevenção, que é indicada quando o paciente apresenta crises frequentes e incapacitantes, recorre-se a betabloqueadores, anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos, antagonistas de CGRP e outros agentes neuromoduladores. No entanto, nem sempre a resposta é satisfatória. Muitos pacientes enfrentam efeitos colaterais importantes, tolerância às medicações ou simplesmente não encontram alívio, mesmo após anos de acompanhamento.
É justamente nesse cenário de limitações da medicina convencional que a cannabis medicinal tem se destacado como uma alternativa terapêutica segura, eficaz e respaldada por evidências científicas. A médica Inoã Viana, que é especialista em Medicina de Família e Comunidade, com pós-graduação em Geriatria e certificação para prescrição de cannabis, tem acompanhado de perto os avanços nesse campo. “A cannabis atua de forma integrada no corpo humano por meio do sistema endocanabinoide, que regula funções essenciais como dor, sono, inflamação e humor. Muitos pacientes com enxaqueca apresentam deficiência de anandamida, um dos principais endocanabinoides naturais. Quando conseguimos restaurar esse equilíbrio, a melhora é significativa”, afirma.
O sistema endocanabinoide é composto por receptores como o CB1, localizado predominantemente no sistema nervoso central, e o CB2, mais presente em células imunes e tecidos periféricos. O canabidiol (CBD) age indiretamente nesses receptores, aumentando os níveis de anandamida e modulando canais iônicos como os TRPV1, além dos receptores de serotonina 5-HT1A, todos envolvidos na percepção da dor. Já o tetrahidrocanabinol (THC), outro fitocanabinoide da planta, tem efeito direto nos receptores CB1, promovendo analgesia e redução da inflamação. Essa ação sinérgica e multifatorial faz da cannabis um aliado promissor no combate à cefaleia crônica, especialmente nos casos refratários às abordagens tradicionais.
A prática médica com cannabis não é nova. No final do século XIX, já havia registros de prescrição da planta para tratamento de cefaleias e crises de enxaqueca. Em 1985, o pesquisador Volfe e sua equipe publicaram um estudo demonstrando que o THC inibe a liberação de serotonina durante as crises, um efeito que não ocorre fora delas. Mais recentemente, em 2012, um estudo comparou a eficácia da nabilona — um canabinoide sintético — ao ibuprofeno em pacientes com cefaleia por uso excessivo de medicamentos. A nabilona se mostrou superior na redução da dor, da dependência química e na melhora da qualidade de vida. Em 2017, uma pesquisa testou extratos de cannabis ricos em THC e CBD em comparação à amitriptilina e verapamil durante três meses. O resultado: redução da dor em 55% dos casos e eficácia profilática equivalente à do antidepressivo, mas com menos efeitos colaterais. Pacientes com cefaleia em salvas também apresentaram alívio das crises, principalmente aqueles com histórico migranoso desde a infância.
“A diferença que vemos no dia a dia é impactante. Pacientes que chegavam desesperançosos, cansados de remédios que não funcionavam, hoje conseguem retomar suas rotinas, dormir melhor e viver com menos dor. A cannabis medicinal não é mágica, é ciência. E precisa ser usada com responsabilidade, acompanhamento e individualização do cuidado”, enfatiza Inoã Viana.
Neste 19 de maio, o que se celebra não é apenas a conscientização sobre a cefaleia, mas também a evolução do conhecimento médico e a valorização de terapias integrativas que colocam o paciente no centro do tratamento. Em um país onde a dor ainda é silenciada ou tratada com descaso, reconhecer a enxaqueca como uma doença neurológica séria — e investir em alternativas terapêuticas como a cannabis — é um passo fundamental rumo a uma medicina mais humana, baseada em evidência e empatia.
Mais informações podem ser obtidas através do e-mail inoaviana@gmail.com, do WhatsApp (21) 99968-7980 e do Instagram @dra.inoaviana, ou ainda presencialmente no consultório à Rua Professor Stroeller, 428, Quarteirão Brasileiro – Petrópolis/ RJ.
SERVIÇO
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Quarteirão Brasileiro, Petrópolis RJ
25680-192, Brasil
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Inoã Viana
Médica de Família e Comunidade; Pós-graduada em Geriatria; Médica prescritora certificada de Canabis Medicinal; Atendimento domiciliar e ambulatorial.
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2013). Especialização em Medicina de Família e Comunidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente atua como Preceptora Médica do Internato de Saúde da Família da Graduação de Medicina UNIFASE, Professora de Disciplina de Clínica Médica da Graduação de Medicina UNIFASE e Preceptora da Residência de Medicina de Família e Comunidade - Petrópolis. No momento atua como Médica prescritora de fitocanabinoides, com certificação pela WeCann Academy e cuidados com a população idosa.
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